Nos últimos anos, o termo “comer limpo” (ou clean eating) se espalhou pelas redes sociais, influenciando milhões de pessoas a buscarem uma alimentação mais natural, sem industrializados, aditivos ou “químicos”.

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Mas será que toda comida industrializada é vilã? E será que esse conceito, mesmo bem-intencionado, não pode acabar promovendo restrições exageradas e transtornos alimentares disfarçados?
O que significa “comer limpo”?
A proposta do “comer limpo” é valorizar alimentos naturais, minimamente processados, sem corantes, conservantes ou açúcar refinado, priorizando:
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Frutas, verduras, legumes
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Grãos integrais
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Carnes e ovos in natura
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Oleaginosas e sementes
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Água e chás naturais
Esse padrão se opõe à dieta rica em ultraprocessados, refrigerantes, fast food e snacks artificiais. Até aí, tudo certo — e até recomendável com base na ciência.
Quando o conceito se torna um problema?
O problema começa quando “comer limpo” vira obsessão por pureza alimentar. A pessoa demoniza qualquer alimento industrializado, evita comer fora de casa, sente culpa ao consumir algo “não limpo” e a a excluir grupos alimentares importantes.
Esse comportamento pode evoluir para um distúrbio chamado ortorexia nervosa — quando o excesso de preocupação com a qualidade da comida prejudica a saúde física, emocional e social.
Benefícios do “comer limpo” com equilíbrio
✅ Reduz inflamação
✅ Melhora a qualidade intestinal e hormonal
✅ Controla peso, glicemia e colesterol
✅ Aumenta a energia e disposição
✅ Ensina o valor da comida de verdade
Riscos do extremismo alimentar
⚠️ Medo de comer o “errado”
⚠️ Culpa, ansiedade e comportamento compensatório
⚠️ Isolamento social
⚠️ Carência de nutrientes por exclusões desnecessárias
⚠️ Relação disfuncional com a comida
Então, qual é o caminho?
Nutrição não precisa ser perfeita, precisa ser possível.
A base da alimentação deve sim ser composta por alimentos naturais, mas incluir um chocolate, uma pizza com amigos ou um lanche prático não te faz “menos saudável” — te faz humana.
Comer com equilíbrio, consciência e prazer é o verdadeiro “comer limpo”.
O conceito de “comer limpo” pode ser uma porta de entrada para hábitos mais saudáveis — desde que não se torne uma obsessão ou uma fonte de culpa.
Cuidar da alimentação é um ato de autocuidado, não de autossabotagem. E, para isso, o acompanhamento nutricional individualizado é fundamental para ajustar expectativas, plano alimentar e liberdade à mesa.
👩⚕️ Tudo depende do seu objetivo e do planejamento feito com o nutricionista.
É esse profissional que vai ajustar sua alimentação à sua realidade, rotina, saúde e metas — sem radicalismos.
Nutrir-se com equilíbrio, consciência e liberdade é o verdadeiro caminho para uma vida saudável e sustentável.
📚 Referências científicas
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Dunn, T. M., & Bratman, S. (2016). On orthorexia nervosa: A review of the literature. Appetite, 105, 151–159.
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Monteiro, C. A. et al. (2018). Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutrition, 21(1), 36–38.
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Syurina, E. V. et al. (2014). Prevalence, risk factors and consequences of orthorexia nervosa: a systematic review. Eating and Weight Disorders, 19(3), 275–283.
Escrito por Luana Diniz, nutricionista clínica esportiva. Confira mais dicas na coluna Nutrição em Pauta .
*COLUNA NUTRIÇÃO EM PAUTA / LUANA DINIZ NUTRICIONISTA – CRN7 16302
Nutricionista e atleta, formada pela Universidade Federal do Acre, pós-graduada em nutrição clínica esportiva. Trabalha com atendimento clínico nutricional em parceria com a loja de suplementos Be Strong Fitness e é colunista do ContilNet em assuntos sobre alimentação e sua correlação com saúde e bem-estar.
Instagram: @luanadiniznutricionista
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