Produtores rurais denunciaram a omissão do Estado e os impactos das operações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em áreas de ocupação antiga no Acre.
Durante reunião com representantes do Ibama, da Secretaria de Meio Ambiente do Estado e com deputados estaduais, agricultores relataram prejuízos causados por embargos ambientais, falta de regularização fundiária e abordagens que classificam como excessivas por parte dos órgãos federais.
Laerte Soares, um dos produtores presentes, afirmou que ocupa uma área escriturada na região de Itamaraty, mas enfrenta obstáculos para obter licenças, mesmo após cumprir as exigências iniciais.
“Quando atendia todas as exigências, aparecia uma nova lista. Nosso quadro fundiário é totalmente irregular, e o Estado sempre foi omisso. A gente depende do Estado, mas está desassistido”, declarou.
Segundo ele, o problema afeta famílias que vivem há décadas em áreas como reservas extrativistas, muitas vezes sem reconhecimento oficial da posse.
“Meu avô viveu toda a vida dentro da reserva. Minha raiz vem de lá. Hoje estamos perdendo nossas propriedades e nossos bens”, afirmou.
Laerte também criticou a atuação das forças federais: “Tem comboios chegando que tratam a gente como marginais. O Estado não pode deixar que isso vire uma guerra civil.”
Outros produtores reforçaram o sentimento de insegurança. “Somos filhos de Deus, queremos apenas trabalhar”, disse um dos participantes. Outro afirmou: “Se for para seguir tudo que o Ibama quer, é melhor doar minhas terras logo.”
Para José Maia, a solução depende do Congresso Nacional. “Quem faz lei são os deputados federais e senadores. Deputado estadual não resolve. Só quem pode ajudar é quem tem força em Brasília”, argumentou.
O pecuarista José Augusto criticou a falta de diálogo e alertou para o impacto econômico das restrições. Segundo ele, a cadeia produtiva está paralisada. “Tem gente com boi pronto, mas não consegue vender. O Estado precisa buscar uma solução junto com os produtores”, afirmou.
Ele também destacou a necessidade de uma política específica para a realidade amazônica. “O desenvolvimento da região é pífio. O produtor quer regularizar, compensar, mudar a cultura, mas precisa de apoio”, concluiu.
Os produtores pedem ações urgentes dos governos estadual e federal para garantir segurança jurídica, evitar perdas econômicas e impedir que conflitos fundiários se agravem.